Futebol Brasileiro - Bom Senso F.C.
RE, 27/11/2013
Bom Senso FC: Por um melhor futebol para todos (Divulgação RE) |
Horas depois de o Bom Senso FC se posicionar diante da
proposta de Fair Play Financeiro apresentada pela CBF no domingo, a entidade
voltou a se manifestar em nota oficial divulgada em seu site. A Confederação
Brasileira de Futebol apresentou gastos para justificar seus investimentos nas
séries inferiores das competições nacionais e defendeu a limitação do número de
partidas.
A CBF afirma, por exemplo, que gastou R$ 40 milhões no
início de 2012, no início da administração de José Maria Marin, para manter em
atividade as Séries C e D do Campeonato Brasileiro com pagamento de viagens,
hospedagens e até custos de material. Além disso, cita a organização de
competições como a Copa do Nordeste e torneios nacionais nas categorias Sub-15,
Sub-17 e Sub-20. Isso, de acordo com a mensagem, mantém clubes pequenos com
calendário o ano todo.
A nota emitida ainda elenca os cinco pontos principais
reivindicados pelo Bom Senso FC, dando dois como resolvidos (férias de 30 dias
e 30 dias de pré-temporada). Sobre a limitação do número de jogos, pela
primeira vez se diz favorável, colocando a responsabilidade pela discussão nas
mãos da Comissão de Clubes e dos Conselhos Técnicos dos Clubes. “A CBF sugere
que se limite o número máximo de partidas em 65”, diz o texto.
Esse é um dos pontos em que os membros do Bom Senso FC mais
cobraram a entidade, alegando falta de vontade e disponibilidade para discutir.
O grupo pede limite de 70 partidas por temporada, ainda maior do que agora a
entidade defende. A CBF, no entanto, não estipula se esse limite é válido para
clubes ou jogadores – o vice-presidente, Marco Polo del Nero, chegou a alegar,
em entrevista à ESPN Brasil, que os clubes deveriam escolher quantas partidas
cada atleta deve disputar, por meio de rodízio.
Um dos pontos cruciais do discurso é quanto ao Fair Play
Financeiro, forma de ajudar clubes a equilibrar as finanças e quitar as dívidas
que prejudicam o avanço do esporte. A proposta apresentada recentemente foi
considerada insatisfatória pelo Bom Senso FC, que cobrou a implementação de
alguns outros pontos. “A medida deu bons resultados na Federação Paulista, mas
requer aperfeiçoamento para implantação em âmbito nacional. Depende, ademais,
do equacionamento das dívidas dos Clubes”, alega a entidade.
Veja a nota da CBF na íntegra
Diante das recentes manifestações dos atletas de futebol
profissional, ocorridas em partidas do Campeonato Brasileiro, a CBF sente-se no
dever de prestar os esclarecimentos que se seguem.
Há algum tempo a CBF vem estudando medidas destinadas a
solucionar as dificuldades enfrentadas pelos clubes filiados, principalmente no
seu relacionamento com os atletas, importantes atores na prática desportiva.
Já nos primeiros meses da nova administração, no ano de
2012, a CBF investiu 25 milhões de reais para dar suporte a 40 equipes da Série
D e mais 15 milhões de reais para a Série C, perfazendo o montante de 40
milhões de reais, aplicados às duas Séries C e D, garantindo a esses clubes, às
voltas com sérios problemas financeiros, prestes a paralisar suas atividades e
as da competição que disputavam, o pagamento de viagens e hospedagem, o custo
de arbitragens e até de material esportivo, como bolas para os jogos.
Em concurso com a Rede Globo, cuidou a CBF, mediante aporte
financeiro, de viabilizar as séries C e D, que sem tal amparo não poderiam se
desenvolver.
Compreenda-se que tais medidas, ampliando o mercado de
trabalho, beneficiaram diretamente os atletas profissionais. Também resulta em
proveito para esses atletas a realização da Série A, coordenada pela CBF, em
combinação com a Rede Globo, patrocinadora oficial dos 20 clubes participantes,
mas sem que advenha qualquer proveito financeiro para esta entidade, muito
embora lhe caiba arcar com considerável custo financeiro na promoção do
certame.
Está, claro, então, que a CBF despende quantias importantes
para manutenção das competições nacionais, sem nada receber dos clubes,
empregadores dos atletas.
Consciente de seu papel na organização esportiva do País, a
CBF coordena e incentiva competições nacionais nas categorias sub-20, sub-17 e
sub-15, assim como administra as Copas do Nordeste e se prepara para coordenar
a futura Copa Verde, importantes ferramentas de integração nacional. Nesse
sentido, a CBF fez também vultoso aporte financeiro nas competições de futebol
feminino.
A CBF, é preciso que se destaque, não deixa dinheiro em
caixa; eventual superávit é distribuído às Federações, para que possam
satisfazer seus encargos, tanto as mais ricas como aquelas que lutam para
sobreviver nos mais remotos rincões.
Cumpre destacar, no momento, que essa atuação da CBF enseja
que centenas de jogadores, principalmente os que integram os times dos clubes
menos afortunados, tenham emprego remunerado garantido por toda a temporada e
possam desenvolver-se em busca de melhores posições na carreira.
A CBF tomou conhecimento de propalada manifestação de
atletas profissionais, que buscariam:
1. férias de 30 dias - decorrendo de norma legal, sempre
foram concedidas;
2. temporada de 30 dias para preparação física – medida que
já foi objeto de discussão por clubes, entidades de classe e os próprios
atletas, sendo aprovada por todos.
3. redução do número de jogos por atletas/clube – é assunto
submetido à Comissão de Clubes para encaminhamento aos Conselhos Técnicos dos
Clubes, aos quais cabe, com exclusividade, resolver a questão. Não se deve
esquecer que a redução acarretará perda de receita, impondo acurado estudo,
pelos Clubes, que serão direta e pesadamente atingidos; a CBF sugere que se
limite o número máximo de partidas em 65.
4. “fair play” financeiro – a medida deu bons resultados na
Federação Paulista, mas requer aperfeiçoamento para implantação em âmbito
nacional. Depende, ademais, do equacionamento das dívidas dos Clubes (matéria
que a CBF e os Clubes trabalham arduamente perante o Governo Federal e o
Congresso Nacional em busca de viabilização do pagamento de tais dívidas e não
sua remissão, ao contrário do que apregoam alguns órgãos de imprensa). A CBF se
dispõe a somar esforços, inclusive com os jogadores, no sentido de aperfeiçoar
os dispositivos legais em torno do assunto.
5. Representação dos atletas participando dos Conselhos
Técnicos - isso já ocorre de forma extraoficial com o Sindicato dos Atletas,
mas poderá ser oficializado. Para tanto, faz-se necessária a aprovação pela
Assembleia Geral da CBF ou em reunião dos clubes.
A CBF lembra também que mesmo com encerramento da atual
temporada haverá tempo suficiente para aprofundamento das discussões com os
atletas.
Por tais razões, a disposição da CBF é de ouvir a todos,
incluindo os atletas, com os quais busca manter permanente diálogo, mediante
contatos pessoais, como os que se desenrolaram nas ocasiões em que seus
representantes se reuniram com os da CBF, todos empenhados, sensatamente, na
busca do equilíbrio, que trará benefícios para o esporte, alvo de todos.
Estamos certos de que a prudência e sensatez haverão de
prevalecer, para grandeza do futebol brasileiro.
Fonte: Jornal do Brasil
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