Idolos do Futebol
RE, 03/12/2013
O ex-jogador Pedro Rocha morreu nesta segunda-feira em sua casa em São Paulo, um dia antes de completar 71 anos (Divulgação RE) |
Pedro Rocha, ídolo do São Paulo e da seleção uruguaia,
morreu nesta segunda-feira, aos 70 anos, na sua casa na capital paulistana. A
informação foi confirmada por seu filho, Pedrinho. O meia-atacante jogou quatro
Copas do Mundo – nenhum uruguaio conseguiu isso –, foi ídolo no Peñarol, do
Uruguai, (81 gols em 159 jogos), no São Paulo (113 gols em 375 jogos), foi
ídolo da Celeste (17 gols em 52 jogos), ídolo de Pelé, que o considerava um dos
cinco maiores de todos os tempos.
Pedro Rocha nasceu no dia 3 de dezembro de 1942, filho de
Eutério Rocha, brasileiro que havia emigrado para o Uruguai com um ano e meio,
e Ana Ester. Chegou a jogar com o pai e com o irmão Hermes, no time de Salto.
Em 16 de julho de 1950, os habitantes de Salto, então com 50
mil habitantes, a 500 quilômetros de Montevidéu e a 120 quilômetros de
Uruguaiana, no Brasil, comemoraram como todos os 2,6 milhões de uruguaios.
Garotos que participavam de uma pelada, também. E um deles, com oito anos,
disse em voz alta com muito orgulho. "Dentro de dez anos, vocês vão gritar
meu nome porque eu é que estarei vestindo a camisa da Celeste".
Pedro Virgilio Rocha Franchetti, o garoto que previu seu
futuro com muito menos detalhes gloriosos do que ele realmente teria, tinha 70
anos e morreu vítima de atrofia do mesencéfalo, doença degenerativa que o
acompanhava há cinco anos.
Em 1960, chegou ao Peñarol, que era bicampeão uruguaio e
tinha um elenco de craques. Foi deslocado para a ponta direita. Ganhou três
títulos seguidos, completando o famoso "quinquênio" saudado até hoje
pelos torcedores do clube.
Foi ainda campeão uruguaio em 1964, 65, 67 e 68. Ganhou três
Libertadores, em 1960, 61 e 66. Na última, marcou cinco gols em dois jogos
seguidos, com diferença de 20 dias, contra o grande rival Nacional. Em um
deles, entrou caminhando no gol, com a bola. Ganhou o Mundial de Clubes em 1961
(0 a 1, 5 a 0 e 2 a 1 sobre o Benfica-POR) e 1966 (duas vitórias por 2 a 0
sobre o Real Madrid-ESP). Na final da Libertadores de 1966, contra o River
Plate (ARG), em Santiago do Chile, Rocha ajudou a mudar o apelido do clube
argentino.
Cada time havia vencido em seu país. O River fez 2 a 0 no
primeiro tempo. O Peñarol empatou no segundo. Na prorrogação, com gols de
Spencer e Pedro Rocha, foi consumada a virada. Os torcedores do River, que
gostam de ser chamados de milionários, tiveram de se acostumar com o apelido de
"galinhas" após a virada.
TERCEIRO TEMPO: VEJA A TRAJETÓRIA DE PEDRO ROCHA
Pela Celeste, Rocha estreou no Centenário, em 29 de novembro
de 1961 – onze anos depois de sua previsão de garoto – com uma derrota contra a
União Soviética de Yashin. Em 1967, ele fez o único gol da vitória por 1 a 0
sobre a Argentina, no Centenário, que garantiu a Copa América ao Uruguai.
Chegou ao São Paulo em 15 de setembro de 1970, para
juntar-se a Gérson e Toninho Guerreiro, duas grandes contratações que o São
Paulo havia feito para buscar um título paulista. O clube, que construía seu
estádio, estava há 13 anos sem vencer. O começo de Rocha foi decepcionante. Não
conseguia se acertar em um time que já tinha um craque como Gérson. Chegou a
ser escalado como centroavante. Foi para a reserva. Até o final de 1971, havia
feito 59 jogos e 13 gols.
No ano seguinte, já sem Gérson, deslanchou. Fez 56 jogos e
25 gols. Foi o primeiro estrangeiro a ser artilheiro do Brasileiro, com 17
gols, juntamente com Dada Maravilha. Pablo Forlán, seu companheiro de Peñarol,
de seleção e de São Paulo, assim descrevia o modo de Rocha atuar.
"É o maior jogador uruguaio dos últimos 50 anos. Vou
dizer como ele jogava: caminhava com a bola, pelo meio, e lançava o
centroavante, continuando a correr. Quando recebia a bola, tinha facilidade em
marcar. Tocava para um dos pontas e corria para a área. A defesa se preocupava
com o centroavante e era ele quem cabeceava. Quando não havia a possibilidade
do passe, ele segurava a bola, chegava perto e chutava muito forte, de 30
metros de distância. De esquerda ou de direita, como no final da Copa América
de 67, quando fomos campeões. Se o ponta esquerda sofria uma falta, Rocha
cobrava com o pé direito no canto esquerdo do goleiro", relata Forlán.
Muricy Ramalho, atual técnico do São Paulo e companheiro de
Rocha, assim o definiu: "Ele era muito educado, um cara diferente no
futebol. Caladão, não era de muita brincadeira e gostava muito de jogar sinuca.
Era invencível, tinha uma precisão para defender e atacar, até parecia que
estava jogando futebol. Para ficar perto dele, comecei a jogar sinuca também.
Melhorei muito mas nunca consegui vencer Pedro Rocha. Mas estava ali, perto
dele. Era a prova de que estava vencendo na vida. O cara era um gênio da
bola"
Em 1975, foi campeão paulista novamente. No ano anterior, o
São Paulo foi vice da Libertadores. Perdeu a decisão por Pênaltis para o
Independiente. Rocha, contundido não esteve na final.
Em 1977, deixou o São Paulo, por não se adaptar ao estilo
imposto por Rubens Minelli. Foi para o Coritiba e ganhou o paranaense. Antes de
se aposentar em 1980, teve passagens por Palmeiras, Bangu e Monterrey.
Trabalhou como treinador em equipes como Mogi Mirim,
Portuguesa e Internacional. Foi dono de bingo e teve problemas financeiros
graves. Ao morrer, tinha uma aposentadoria de R$ 1.800 reais. O São Paulo
ajudava em seu tratamento médico.
Teve o apelido de Verdugo, pela facilidade em fazer gols. O
escritor Eduardo Galeano, do Uruguai, definiu assim a sua relação com a bola.
"Pedro Rocha fazia o que queria com a bola, e ela
acreditava totalmente nele."
Fonte: Uol.noticias
Sem comentários:
Enviar um comentário