As mão do Sul-americano

Artigo esportivo

RE, 06/02/2015

Esse artigo do dia 28/12/2014, escrito por Ángel Asteggiante do Ovación Digital, fala sobre os goleiros da Celeste Sub-20 convocados para o Sul-americano que termina nesse final de semana no Uruguai.

Michel Tabárez, Gastón Guruceaga e Thiago Cardozo, defendem a Celeste Sub-20
no Sul-americano da categoria no Uruguai (Divulgação)

Dos três convocados, vou relatar sobre os dois goleiros que vi jogarem aqui na fronteira, tanto o artiguense Gastón Guruceaga que assisti vários jogos do Baby da categoria 1994 e 1995 e do lacazino Thiago Cardozo que foi o goleiro menos vazado da 2ª Copa Ruben Paz em 2009, ambos pertencem ao C.A. Peñarol. O outro goleiro é Michel Tabárez do Fénix, nascido em Treinta y Tres.

Os goleiros foram escolhidos pelo técnico Fabián Coito para defender a Celeste no Sul-americano Sub-20 que desde janeiro se desenrola no Uruguai.

Gastón de Artigas e Thiago de Juan Lacaze começaram os seus passos no futebol em outra posição.

“No Baby, o goleiro que tínhamos era muito ruim. Então, como eu era um dos mais altos, me perguntaram se eu me animava a atacar. Disse que sim e não sai mais”, relatou Guruceaga.

Gastón, goleiro da categoria 95 do San Eugenio F.C. no Baby de Artigas (Divulgação)

Thiago é o único que trouxe o oficio desde o berço. “Com meu irmão mais velho jogávamos todo o dia. Na minha casa tínhamos um fundo grande e passávamos lá. Desde pequeno gosto de atacar, me atirar, rolar. Quando comecei no Baby não me deixaram atacar. Já tinha outro goleiro. Então me mandaram para a cancha. Em pouco tempo, o menino que atacava se foi e eu aproveitei a oportunidade”.

 Ficaram embaixo dos três paus e não saíram mais. Ali, encontraram seu lugar no mundo. “Obviamente agora não vou mudar, mas se alguma vez me deu vontade de provar em outra posição ou ao menos jogar um pouco”, contou Gastón. “De jeito nenhum! Não gosto de correr”, disse Thiago e devolve as risadas à conversa.

Cardozo quando jogou a Copa Ruben Paz 2009 em Quaraí pelo
Sub-13 do Peñarol de Montevidéo (RE)

Aos 13 anos, o destino os colocou frente a frente pela primeira vez. Se bem que Thiago é um ano mais novo, Peñarol os uniu. Deixaram suas vidas, suas famílias e foram em busca dos sonhos: o futebol.

Com a decisão de vir a Montevidéo, tiveram que amadurecer mesmo sendo meninos. “Os anos na Sétima e Sexta são os mais duros, por que joga aos domingos e não te dá tempo de ir para casa. Eu ia ao Liceo de segunda a sábado, então estava toda a semana ocupado e podia me ir a cada dois meses, com sorte. Sofri muito. Vivia na casinha do Peñarol, mas vem de longe, é garoto, está sozinho aqui... É complicado!! Por sorte vim com Fabrizio Buschiazzo (outro do time do Penãrol no vice campeonato da Copa Ruben Paz em 2009). Nos apoiamos sempre e fomos enfrente juntos”, disse Cardozo.

Estabeleceram-se em Montevidéo, suportaram o barco, apesar dos tempos de crise e seguiram em frente. Hoje, apesar da baixa idade, já enfrentam os grandes. "No Peñarol nos falam bastante. Tony Pacheco e Darío Rodríguez são os que estão sempre conosco. Estão sempre aconselhando os guris. Pablo Migliore, que esta em nossa posição, também. É um fenômeno”, conta Gastón.

Assim mesmo, e em diferentes momentos, tiveram a sua recompensa: a seleção. Thiago passou por todas as categorias: sub 15, sub 17 e agora a sub 20. Gastón esteve na pré-seleção da sub 17 que foi vice-campeã do mundo em 2011, mas ficou de fora no ultimo corte e hoje a justiça foi feita. 

Em meio às risadas os meninos sonham grande. Enquanto intercalavam os treinamentos no Complexo com exames no liceo, se preparavam para o Sul-americano. A Celeste, como o Peñarol, a seis anos os uniu e o Uruguai confia nessas mãos.

Entre Diego Lugano, Cristian "Cebolla" Rodriguez e Aguirregaray

Esses meninos também se enfrentam com os grandes da seleção. Em primeiro lugar, tem a particularidade de que Gastón é primo irmão do “Vasquito” Aguirregaray.

“Agora conversamos um pouco menos porque ele está jogando fora, mas a verdade é que ele tem me ajudado muito, me aconselhando tanto na seleção como em Peñarol ", explica Gastón. 

Enquanto isso, Thiago se refere ao bom relacionamento com Cristian Rodriguez, a quem conhece de Juan Lacaze. "Eu falo muito com ele. Temos um vinculo gerado a um tempo.

Ele está sempre disponível para qualquer coisa e mostra o que vem pela frente. Ele é uma pessoa que tem uma humildade bárbara... É um craque!“. Da mesma forma, falam de Diego Lugano, que está treinando no Complexo Celeste e que também tem a oportunidade de ver todas as semanas.

"É algo raro tudo isso, difícil de explicar. Às vezes você não percebe o lugar e as pessoas que você está. Há coisas que vão acontecendo naturalmente com o passar do tempo, mas quando você pensa um segundo fica sem acreditar. Para dar um exemplo: há 15 minutos atrás eu entrei na cozinha e lá estava "La Tota" (apelido de Diego Lugano). Me cumprimentou, deu parabéns pelo trabalho que temos feito, me perguntou como vamos indo e ficamos conversando sobre qualquer coisa. Estava ali e aconteceu como nada, como agora eu estou falando com você. Mas se começar a analisar, a ficha cai e você fica paralisado. É forte", afirma Gastón, abrindo os olhos, como se não encontrasse uma resposta bem-sucedida para o que aconteceu. Imediatamente, Thiago acrescenta: "É incrível. Toda a vida os assistimos pela TV, nos jornais e agora você os tem aqui ao seu lado".

(Divulgação RE)

Gastón Guruceaga. 19 anos tem o goleiro mirasol. Nasceu em Artigas em 15 de março de 1995. Mede 1,90 mts.

“Sempre gostei muito de Casillas, goleiro de Real Madrid. De fato, meu cachorro se chama Iker por ele. É um goleiro muito rápido que também debutou muito jovem e se adaptou bem. Tem muito bom reflexos”, explica Guruceaga.

(Divulgação RE)

Thiago Cardozo. 18 anos tem o goleiro mirasol. Nasceu em Juan Lacaze em 31 de julho de 1996. Mede 1,81 mts.

“Toda a vida admirei a Buffon, principalmente pela personalidade que tem. É um ícone da Juventus e de sua seleção. Atualmente, Neuer acredito que está distanciado do resto”, sustenta Cardozo.