quarta-feira, 14 de maio de 2014

Técnico do time Sub-20 adota “futebol moderno” no Figueirense

Futebol na Base

RE, 14/05/2014

Com cinco vitórias seguidas, time alvinegro vive momento especial no estadual da categoria

Cristian de Souza chegou para comandar o time júnior
do Figueirense em março (Foto: TSF/Divulgação)
Centrado, sincero e estudioso. De fala mansa, seguindo as características de treinadores gaúchos. Esse é Cristian de Souza, 36 anos, técnico do time Sub-20 do Figueirense, dono de uma campanha invejável no Campeonato estadual da categoria. Em cinco jogos disputados, o Figueirense venceu todos os adversários, marcou 16 gols e sofreu apenas três.

Há pouco mais de 60 dias em Florianópolis, o gaúcho de Quaraí, é adepto ao futebol moderno e vem tentando, aos poucos, colocar em prática, no Alvinegro do Estreito, o estilo de jogo que entende ser o ideal.
 - São times intensos, que não deixam o adversário jogar, que tem essa preocupação de reduzir espaços, deixando o adversário sempre em zona do desconforto – ressalta Cristian.

O Tudo Sobre Floripa conversou com o treinador, que já comandou o time júnior do Grêmio e dois clubes profissionais do Rio Grande do Sul. Além disso, ele falou sobre o caso de racismo em Bento Gonçalves - onde possui uma relação mais extensa.

Tudo Sobre Floripa: Figueirense venceu todos os jogos que disputou no estadual, o que causa uma boa impressão ao torcedor. Como você analisa esse início de trabalho?

Cristian de Souza: Ainda estamos naquele processo de conhecer o clube, as pessoas, os jogadores, o grupo, a cultura do Figueirense, como gostam de jogar. A gente sabe que na base o resultado não é o mais importante e sim a construção do sistema de jogo. Eu prezo muito isso, adaptar os jogadores a várias formas de atuar, esse é o nosso papel. Sem dúvida o resultado credencia e te deixa mais satisfeito. Isso mostra que o trabalho está, no mínimo, no caminho certo.
 
Time júnior venceu o Brusque, na última rodada, no CFT (Foto: Figueirense FC / Divulgação)

TSF: O nível técnico da competição está bom, quem são os concorrentes diretos do Figueirense?

Cristian: O Campeonato Catarinense por si só, em comparação ao gaúcho, por exemplo, tem mais postulantes ao título, é mais parelho, é um campeonato mais equilibrado. Estamos enfrentando boas equipes. É claro que a cultura de jogo é um pouco diferente da nossa lá no Rio Grande do Sul. Aqui o pessoal segue uma tendência que é de jogar mais ofensivo. Eu estou tentando achar o equilíbrio dentro da nossa equipe, com as características que temos. Estou vendo um campeonato muito equilibrado.

TSF: Você é conhecido por ser um treinador moderno, que adota um sistema de jogo diferente daquele que estamos acostumados a ver. Tens colocado isso em prática aqui no Figueirense, também?

Cristian: A gente tenta seguir o que os treinadores “top de linha” fazem, a tendência no futebol é essa. Um futebol mais pensado, mais coletivo e nesses primeiros 65 dias de trabalho, os jogadores estão compreendendo a nossa forma de pensar, a nossa forma de colocar o treino, o jogo e está sendo satisfatório.

TSF: Que estilo é esse?

Cristian: É muito relativo, sempre depende do que você tem em mãos. A cultura do clube onde tu ta inserido também é fundamental. Eu não abro mão do jogo coletivo, onde o todo é o mais importante. São times intensos, que não deixam o adversário jogar, que tem essa preocupação de reduzir espaços, deixando o adversário sempre em zona do desconforto.


Cristian de Souza montou uma sala de estudos em Florianópolis (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)
TSF: Quatro garotos que estavam no time principal desceram para o time júnior (Jéfferson e Dener- volantes - Yago – meia e Clayton - atacante). Como tem sido essa readaptação para eles?

Cristian: É diferente, é uma situação muito delicada na cabeça de um jovem, que já tem uma perspectiva de fazer parte de um elenco profissional. Eles já sentiram o gostinho do vestiário profissional, da convivência com as mais experientes, da viagem de avião, do melhor hotel. Então, isso é muito difícil para um garoto. Vai depender muito da cabeça deles para entender isso. Cabe a nós recebê-los bem, tratá-los com igualdade, dar oportunidades, fazer com que eles se adaptem a nossa forma de jogar, a forma que vem conduzindo o grupo. A primeira semana foi satisfatória e eu acredito que não haverá maiores problemas.

TSF: Em 2008, no Esportivo de Bento Gonçalves, você teve uma experiência como técnico do time profissional. Pretendes retomar essa condição?

Cristian: Eu também treinei o Pelotas, na série C de 2009. Eu quero fazer do Figueirense a minha última oportunidade na base. Venho me preparando para isso, me formando um treinador. Já passei por todas as etapas que um treinador tem que passar. Já fui treinador de base por muito tempo, fui auxiliar técnico por muito tempo. Já trabalhei em base de clube grande, de clube pequeno e agora novamente em um clube grande do mercado brasileiro. Mas a hora que tiver que acontecer vai acontecer. Não tenho pressa, mas quero, sim, fazer do Figueirense a minha última oportunidade na base.

TSF: Quem sabe aqui mesmo no estado… Como você vê o mercado catarinense?

Cristian: Foi uma das coisas que me fez aceitar o convite do Felipe Gil, que era o gerente da base do Figueirense. Santa Catarina é hoje o mercado mais emergente no futebol brasileiro, futebol que ta crescendo muito, a gente vê quatro, cinco, seis forças emergindo no cenário nacional. Sem dúvida é um mercado que eu quero abrir para mim.


Ao lado de Ricardo Drubscky , em um curso de treinadores, no Rio
de Janeiro em 2012 (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

TSF: O que você achou dessa situação envolvendo o caso de racismo em Bento Gonçalves, cidade que você conhece bem…

Cristian: Primeiro que foi lamentável tudo o que aconteceu. A cidade de Bento Gonçalves é onde eu ainda resido, tenho negócios, minha família está lá. A gente sabe que, para quem vive em Bento, isso não é uma realidade. Isso não acontece lá, apesar de ser uma cidade colonizada por alemães e italianos, principalmente. Eu nunca passei, nunca vi isso. Mas acho que houve um pouco de oportunismo também. A mídia aproveitou para fazer desse episódio algo muito maior do que realmente foi e o único prejudicado acabou sendo o clube Esportivo.

TSF: Nesse time atual do Figueirense, você apontaria alguma promessa que poderá render bons frutos para o clube?
Cristian: É muito complicado para o treinador falar isso. Permite-me, mas eu não vou indicar nomes. Lá trabalhamos a coletividade, a política é essa. Não me arrisco a apontar nomes. Sabemos que existem bons valores, jogadores que ainda precisam amadurecer, precisam passar por um processo de formação, mas temos bons valores e que logo a torcida vai vê-los participando do profissional e fazendo valer a formação que o Figueirense vem investindo.
 
Fonte: tudosobrefloripa.com.br

Sem comentários:

Enviar um comentário