terça-feira, 29 de outubro de 2013

Todo cuidado para os futuros profissionais

(FIFA.com) Terça-feira 29 de outubro de 2013
 
 
Foto: pt.fica.com
 
Durante a preparação técnico Alexandre Gallo antecipou ao FIFA.com: “As fases para essas novas gerações foram antecipadas, e o processo, acelerado. Em países como o Brasil, o sub-17 é o novo sub-20: é lá que você encontra os jogadores que estão a um passo – a meio passo, na verdade – de estarem definitivamente integrados ao profissional”.
 
 
Se formos relembrar alguns casos do próprio Brasil que terminou a Copa do Mundo Sub-17 da FIFA México 2011 em quarto lugar, não há como questionar essa constatação. O zagueiro Marquinhos, por exemplo, foi titular em toda a campanha e, meses depois, se transferiria do Corinthians para a Roma. Hoje, aos 19, já como jogador do Paris Saint-Germain, como um dos defensores mais caros da história. O lateral Wallace e o meia-atacante Lucas Piazon foram contratados pelo Chelsea e hoje estão emprestados para Internazionale e Vitesse, respectivamente.
 
 
Como prova para essa iminência do profissionalismo,olheiros de grandes clubes têm sido presença constante nas arquibancadas nos Emirados Árabes. De modo que não é de se estranhar que, na edição 2013 do Mundial, diversas delegações estejam adotando práticas antes apenas reservadas a suas seleções principais, dentro e fora de campo.
 
 
Detalhes
Antes de embarcarem para a disputa da primeira Copa do Mundo de suas vidas, os brasileiros se organizaram bem, e não apenas para acertar a pontaria ou a defesa. Eles passaram por um curso de media training e outras aulas especiais quando alojados no Centro de Treinamento do São Paulo.
 
 
“Foi muito bom. Juntos, aprenderam sobre os problemas que podem acontecer e a melhor maneira de se administrar isso e sobre as redes sociais. Mas claro que só damos um toque. Eles têm total liberdade para fazer o que quiserem”, diz o técnico Gallo. “Além disso, tivemos uma palestra sobre a arbitragem de outros continentes, sobre os estilos que poderiam encontrar no Mundial.”
 
 
O trabalho começa, então, a partir da reunião dos convocados e se estende, claro, até o grande momento, a competição. São diversas as seleções que contam com estafe volumoso, com profissionais especializados para atender as promessas da melhor forma.
 
 
Entre os que zelam pelo físico dos atletas, a crioterapia vem se expandindo. “Os jogadores jovens hoje têm cada vez mais e mais competições para disputar, com mais pressão. O corpo deles trabalha mais e amadurece mais rapidamente do que o da pessoa sedentária. Agora usamos muito a crioterapia, com aplicação de um spray logo depois de uma pancada ou contusão, ou com os banhos de gelo depois da partida”, afirma o Dr. Samir Bensouda, do Marrocos. “Os banhos de gelo são muito mais eficientes em jogadores jovens, já que o desgaste muscular deles se recupera com velocidade muito maior do que o dos mais velhos.”
 
 
O Dr. Bensouda também testemunha uma atenção cada vez maior aos detalhes na categoria, numa ação muito mais ampla do que a regeneração pós-jogo. “Trabalho com o time sub-17 há três anos, e vi um desenvolvimento grande dos método para esta idade. Tenho mais intercâmbio com os clubes e uma colaboração mais próxima com o treinador. Do ponto de vista farmacológico, há mais receitas, incluindo vitaminas, magnésio etc.”
 
 
Um ganho além do futebol

Na delegação uruguaia, Laura Ferrari é a única mulher credenciada. Está uniformizada como todos os demais, mas, no dia dos jogos, fica na plateia. Seu trabalho, afinal, é mais direcionado para os bastidores: é a psicóloga da Celeste.
 
 
“Tive uma grande abertura por parte da comissão técnica e os garotos sempre foram muito respeitosos”, afirma Laura, que é uma das 12 profissionais que trabalha regularmente com a base uruguaia, a partir da sub-15, algo que considera um projeto pioneiro. “Damos muita importância para a fase de preparação. Acompanhamos o cotidiano e fazemos atividades semanais em grupo, mais abordagens formais ou informais individualmente. “
 
 
Isto é, os avanços são significativos, mas não quer dizer também que os garotos sejam tratados em tempo integral feito marmanjos. “Nós que trabalhamos na categoria de base não podemos nunca esquecer que somos também educadores”, ressalta Gallo.
 
 
Por isso, o técnico fez questão de que seus jogadores participassem também de uma aula sobre o país-sede do Mundial – lembrando de uma experiência marcante que ele mesmo teve quando jogador. “Era o capitão do Atlético Mineiro e fomos jogar um torneio no Vietnã. O Atlético chamou um professor de história para falar sobre o momento do país. Nunca mais esqueci. Tivemos, então, uma aula sobre os Emirados. Os atletas sabem um pouco de tudo agora: as origens, a moeda, as atrações turísticas etc. Isso é um ganho para todas as categorias em competição.”
 
 
Por mais que estes garotos estejam ou se sintam próximos de uma carreira no futebol, sonhando longe com estádios cheios e glórias, o esporte nem sempre é uma ciência exata, com um desfecho calculado de modo antecipado.
 
 
A cada ano, a competição por uma vaga num clube – para não falar em uma seleção – ficará mais dura para eles, pedindo todos cuidados necessários para seu desenvolvimento não apenas como atletas. Como a psicóloga Laura Ferrari faz questão de enfatizar sobre o seu trabalho no Uruguai: “O mais importante é valorizar o aspecto humano”.

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